quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Edson Bueno, Áldice Lopes e Rafael Camargo estão juntos no palco


Edson Bueno, Áldice Lopes e Rafael Camargo estão juntos no palco. Desta vez no mini-auditório do Teatro Guaíra. O elo é a peça Pessoalmente Fernando, que une o texto de Edson Bueno, com a estréia de áldice Lopes em direção teatral e o retorno de Camargo, após anos afastado dos palcos. O projeto da montagem é de Isidoro Diniz e a estréia acontece nesta sexta-feira (9), às 21h.

A alma de Pessoalmente Fernando nasceu dos textos de Fernando Pessoa e de seus heterônimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis e álvaro de Campos). Um homem, por volta dos 40 anos, retorna à casa dos pais, após a morte deles, e mergulha nas lembranças de sua vida. Indagações que mostram que a solidão costurou os fatos da vida dele.

Não há cenário, personagem com nome ou um figurino específico. Somente a pontuação de luz e gestos sutis de Rafael Camargo definem quem esta em cena: Fernando menino, adulto, Alberto, Ricardo ou álvaro. "Neste caso, o mínimo é o máximo. é um espetáculo minimalista, pequeno e delicado. A iluminação e a sonoplastia são personagens que se completam na emoção de cada cena", disse áldice Lopes.

O diretor define ainda a montagem como "em preto e branco", sem nostalgia que vive apenas o presente. “Dirigir uma montagem é mostrar para o mundo os sentimentos e olhar inquietante. Passo agora por este momento através do qual consigo revelar o que guardei e aprendi em todos estes anos”, disse.

Autor – Edson Bueno levou dois meses para escrever o texto de Pessoalmente Fernando. "O que mais gosto no escritor é a relação calma e natural que ele tem com a vida. A poesia das coisas está nela mesma, não em significados falsos que damos a elas. E a aceitação da vida sem preconceitos nem mitificações que só fazem você perder contato com ela, com o melhor que ela tem pra te oferecer". De todos, ele confessa que se identifica mais com Alberto Caeiro justamente por esta placidez.

Bueno conta que, dentro de uma liberdade poética, colocou todas as "personalidades" numa só. "Para que o fingimento fosse mais completo e intenso", explica. Segundo ele, não houve intenção de disfarçar Fernando Pessoa, o que seria impossível, mas transformá-lo num monólogo teatral onde as idéias se completassem num mosaico humano. "Porque, mesmo sendo Fernando, Ricardo ou Alberto, sempre pensamos Fernando Pessoa".

O autor afirma que a tônica do texto é a solidão. Segundo ele, é muito difícil ser alguém que opta por se marginalizar da vida. O personagem foge de uma vida medíocre para uma outra e não consegue se livrar da mediocridade íntima. A solidão de não conseguir se comunicar com o que se tem de mais verdadeiro e puro. Um homem que só consegue se comunicar com o mundo através do simulacro, através de uma coisa que ele inventou pra fugir dele mesmo.

Ator - Rafael Camargo conta que recebeu com alegria a possibilidade de voltar aos palcos. “é um retorno afetivo, depois de alguns anos afastado da carreira. O palco sempre me emocionou. Desde criança sempre fui atraído pelo espetáculo e pelo ritual da representação. E Fernando de qualquer ato Pessoa é a ambição primeira, a palavra em sua absoluta beleza”, afirmou.

Para preparar os “fernandos” que passam pelo texto, ele buscou a linha da solidão humana que permeia as palavras da montagem, sem perder a poesia que também está presente. “Estamos falando de um universo único, próprio, singular, obscuro, enigmático”.

Sobre a direção e o texto de Pessoalmente Fernando, respectivamente áldice Lopes e Edson Bueno, ele diz que é um reencontro, um presente da vida. “Conheço os dois há muitos anos. O Edson é um conhecedor do teatro como poucos. Escreve como poucos, vive esse universo de maneira apaixonada. O áldice é um grande ator, um grande produtor e agora se atira nas águas da direção. Sinto-me seguro em suas mãos. Austero, estudioso, concentrado, competente. Esse encontro tem sido uma bela experiência e Fernando Pessoa vem coroar isso tudo”, afirmou.

Projeto – Isidoro Diniz criou o projeto da montagem de Pessoalmente Fernando em 2006. A possibilidade de trabalhar a obra literária do escritor português e suas outras “personalidades” era um sonho antigo que se tornou possível graças as parcerias dos amigos. “Pedi para o áldice dirigir a peça e, na seqüência o Edson e o Rafael também integraram o projeto”.

Sobre a escolha de áldice Lopes, ele diz que foi um presente para os dois. “Tenho a honra de tê-lo como diretor deste projeto ao mesmo tempo que sei que este trabalho será um marco na carreira profissional dele”, afirmou Diniz.

Fonte: Descubra Curitiba

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