A alma de Pessoalmente Fernando nasceu dos textos de Fernando Pessoa e de seus heterônimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos). Um homem, por volta dos 40 anos, retorna à casa dos pais, após a morte deles, e mergulha nas lembranças de sua vida. Indagações que mostram que a solidão costurou os fatos da vida dele.
Não há cenário, personagem com nome ou um figurino específico. Somente a pontuação de luz e gestos sutis de Rafael Camargo definem quem esta em cena: Fernando menino, adulto, Alberto, Ricardo ou Álvaro. "Neste caso, o mínimo é o máximo. É um espetáculo minimalista, pequeno e delicado. A iluminação e a sonoplastia são personagens que se completam na emoção de cada cena", disse Áldice Lopes.
O diretor define ainda a montagem como "em preto e branco", sem nostalgia que vive apenas o presente. “Dirigir uma montagem é mostrar para o mundo os sentimentos e olhar inquietante. Passo agora por este momento através do qual consigo revelar o que guardei e aprendi em todos estes anos”, disse.
Autor – Edson Bueno levou dois meses para escrever o texto de Pessoalmente Fernando. "O que mais gosto no escritor é a relação calma e natural que ele tem com a vida. A poesia das coisas está nela mesma, não em significados falsos que damos a elas. E a aceitação da vida sem preconceitos nem mitificações que só fazem você perder contato com ela, com o melhor que ela tem pra te oferecer". De todos, ele confessa que se identifica mais com Alberto Caeiro justamente por esta placidez.
Bueno conta que, dentro de uma liberdade poética, colocou todas as "personalidades" numa só. "Para que o fingimento fosse mais completo e intenso", explica. Segundo ele, não houve intenção de disfarçar Fernando Pessoa, o que seria impossível, mas transformá-lo num monólogo teatral onde as idéias se completassem num mosaico humano. "Porque, mesmo sendo Fernando, Ricardo ou Alberto, sempre pensamos Fernando Pessoa".
O autor afirma que a tônica do texto é a solidão. Segundo ele, é muito difícil ser alguém que opta por se marginalizar da vida. O personagem foge de uma vida medíocre para uma outra e não consegue se livrar da mediocridade íntima. A solidão de não conseguir se comunicar com o que se tem de mais verdadeiro e puro. Um homem que só consegue se comunicar com o mundo através do simulacro, através de uma coisa que ele inventou pra fugir dele mesmo.
Do material lido e pesquisado, Edson Bueno disse que se identifica com um homem que não se enquadra naturalmente na sociedade. Como alguém que vê um mundo com olhos distanciados e que, em alguns momentos, enxerga com tal olhar agudo que nem consegue ser compreendido. “E às vezes nem quer. Um cara que ri por dentro de uma sociedade que é uma simulação, mas que até sem perceber, ri dele mesmo”.
Ator - Rafael Camargo conta que recebeu com alegria a possibilidade de voltar aos palcos. “É um retorno afetivo, depois de alguns anos afastado da carreira. O palco sempre me emocionou. Desde criança sempre fui atraído pelo espetáculo e pelo ritual da representação. E Fernando de qualquer ato Pessoa é a ambição primeira, a palavra em sua absoluta beleza”, afirmou.
Para preparar os “fernandos” que passam pelo texto, ele buscou a linha da solidão humana que permeia as palavras da montagem, sem perder a poesia que também está presente. “Estamos falando de um universo único, próprio, singular, obscuro, enigmático”.
Serviço:
Dia(s): 09, 10, 11 e de 15 a 25 de novembro (de quinta a domingo)
Horário(s): de quinta a sábado às 21h e domingo às 19h
Auditório: Glauco Flores de Sá Brito(Miniauditório)
Ingressos: R$ 14,00 (50% de desconto para portadores do Cartão Teatro Guaíra)
Postos de Venda: Bilheterias do Teatro e Internet
Data de Início das Vendas: Informações 3304-7982
Classificação: Livre
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