quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Vida Como Ela É


O eterno óbvio ululante

O diretor Edson Bueno faz uma homenagem a Nelson Rodrigues com A Vida Como Ela É, peça que mistura textos e episódios da vida do escritor.

A dramaturgia de Nelson Ro­­drigues (1912-1980) é continuamente encenada, desde que a sua primeira peça, A Mulher Sem Peca­­do, estreou em 1942. Rodri­gues desmente uma de suas máximas, “Toda unanimidade é burra.” Ele é unânime. A crítica o aponta como o mais importante dramaturgo brasileiro. A sua obra não deixa de ganhar cada vez mais es­­paço. Dias 11 e 12 de setembro, Vestido de Noiva, com direção de Gabriel Vilela, esteve no Guairão. A partir de hoje, é a vez de A Vida Como Ela É – Nelson Rodrigues, de Edson Bueno, que permanece em cartaz no Mini­auditório do Teatro Guaíra até 4 de outubro.

Bueno, a exemplo de muitos, não esconde o seu entusiasmo: “Nelson Rodrigues é o melhor dramaturgo brasileiro.” Ele já montou outros cinco textos do autor: A Serpente, O Beijo no Asfalto, A Falecida, Toda Nudez Será Castigada e a homenagem Anti-Nelson Rodri­­gues. Agora, antes mesmo da es­­treia desse novo projeto, ele co­­menta que já prepara uma outra montagem de Nelson Rodrigues, mas prefere manter sigilo. “Vou fazer uma adaptação completamente inédita, de um tema rodrigueano ainda pouco explorado. Por isso, prefiro não falar nada por en­­quanto”, despista.

Luana Navarro/Divulgação / O elenco: quatro meses de imersão na obra do dramaturgo

O elenco: quatro meses de imersão na obra do dramaturgo

Saiba mais sobre a importância de Nelson Rodrigues a partir de depoimentos do diretor Edson Bueno - “Tudo o que o Nelson Rodrigues escreveu tem a ver com o que ele sentiu.”

- “O Nelson Rodrigues não tem piedade quando comenta a tragédia do ser humano. Não tinha piedade nem em relação a ele mesmo.”

- “O texto do Nelson Rodrigues é rápido, fruto da experiência que ele teve nas redações de jornal. Ele levou a agilidade do jornalismo para a literatura e o teatro.”

- “Considero o cinema do Pedro Almodóvar parecido com a dramaturgia do Nelson Rodrigues, com a diferença de que o Almodóvar não condena os seus personagens.”

- “O amor, na obra do Nelson Rodrigues, é diferente, tem muita melancolia.”

- “A obra do Nelson Rodrigues mostra o ser humano lutando com os seus mais profundos e escondidos desejos.”

- “Já montei Shakespeare, Kafka, Oscar Wilde, mas Nelson Rorigues tem algo que nenhum desses outros grandes autores têm. Todos eles são universais, falam de questões que dizem respeito ao ser humano, independentemente de endereço. Mas o Rodrigues diz respeito à alma profunda do brasileiro.”

Por que a obra de Nelson Ro­­dri­­gues exerce tanto fascínio em diretores de teatro, e desperta a atenção do público? “Primeiro, porque a obra dele tem muita emoção”, afirma Bueno. Mas o di­­retor, em atividade desde 1982, com mais de 70 peças no currículo, tem outras explicações sobre o porquê do magnetismo que a produção rodrigueana tem. “Ele (Nelson Rodrigues) teve a coragem de mostrar a sombra do ser humano. Rodrigues mostrou cada pessoa como ela é, sem disfarces”, diz.

Nessa nova montagem, os personagens clássicos de Nelson Ro­­drigues estarão em cena, “e nem poderia ficar de fora”. O marido traído. Os irmãos que se amam. O adolescente reprimido. As adúlteras. Os assassinos. Bue­­no conta que a peça é feita de 13 cenas, ou melhor, de 13 sequências, que são ao mesmo tempo independentes umas das outras, mas que também dialogam entre si.

O diretor usou textos de A Vida Como Ela É..., que começou a ser publicado em 1951, nas páginas do extinto jornal carioca Última Hora – material que seria compilado em dois livros, em 1961. Bueno também inseriu aspectos da vida pessoal do autor em meio a esse projeto. O assassinato de Roberto Rorigues, irmão de Nelson, em 1929, dentro da redação do jornal Crítica, está presente nessa montagem, assim como outras tragédias que marcaram, e talvez tenham definido, a trajetória do dramaturgo.

Bueno decidiu montar essa peça com a finalidade de prestar uma homenagem a Nelson Rodrigues. “Para que o público, ao sair do teatro, tenha a impressão de que esteve frente a frente com a obra e com um pouco da vida de Rodrigues”, diz. Esse espetáculo, ressalta Bueno, é fruto de uma convivência de quatro meses do diretor com o elenco, formado pelos atores Tiago Luz, Diego Marchioro, Marcel Gritten e as atrizes Regina Bastos, Chiris Gomes e Martina Gallarza. “Re­­des­­cobrimos juntos Nelson Ro­­drigues”, conta Bueno.

Anjo pornográfico

Saiba mais sobre a importância de Nelson Rodrigues a partir de depoimentos do diretor Edson Bueno - “Tudo o que o Nelson Rodrigues escreveu tem a ver com o que ele sentiu.”

- “O Nelson Rodrigues não tem piedade quando comenta a tragédia do ser humano. Não tinha piedade nem em relação a ele mesmo.”

- “O texto do Nelson Rodrigues é rápido, fruto da experiência que ele teve nas redações de jornal. Ele levou a agilidade do jornalismo para a literatura e o teatro.”

- “Considero o cinema do Pedro Almodóvar parecido com a dramaturgia do Nelson Rodrigues, com a diferença de que o Almodóvar não condena os seus personagens.”

- “O amor, na obra do Nelson Rodrigues, é diferente, tem muita melancolia.”

- “A obra do Nelson Rodrigues mostra o ser humano lutando com os seus mais profundos e escondidos desejos.”

- “Já montei Shakespeare, Kafka, Oscar Wilde, mas Nelson Rorigues tem algo que nenhum desses outros grandes autores têm. Todos eles são universais, falam de questões que dizem respeito ao ser humano, independentemente de endereço. Mas o Rodrigues diz respeito à alma profunda do brasileiro.”

Fonte: Publicado em 16/09/2009 no Caderno G da Gazeta do Povo| Marcio Renato dos Santos

Nenhum comentário: